A
rotina de comunicação entre pessoas do mesmo grupo leva por vezes a criar-se
uma linguagem interna. Muitos grupos criam jargões próprios que mais parecem
línguas estranhas. Mas este tipo de linguagem é utilizada em muitos tipos de
grupos, sejam ligados a profissões, sejam grupos sociais ou até religiosos. A
gíria social é muito comum e serve para manter a unidade do grupo e também a
identificação. A linguagem de um grupo não significa que se criem novas
palavras, embora isso possa acontecer, mas o mais comum é a utilização até à
exaustão de termos que criem empatia uns com os outros.
Nós cristãos, utilizamos
muitos termos que no íntimo sabemos que são essenciais, mas que a sua
explicação fora do meio pode ser incompreensivel e até atabalhoada.
Gostaria de dar de dar alguma
compreensão a um termo muito usado na gíria cristã evangélica, tentando fugir à
linguagem religiosa.
O termo salvação é dos conceitos mais usados neste grupo.
Quando se diz que Jesus é a
salvação, ou que somos salvos pelo sangue de Jesus, ou precisas é de Jesus na
tua vida, está a utilizar-se uma linguagem religiosa, que embora possa ser bem
intencionada, quem estiver fora do círculo não entende nada e o pior é que o
termo salvação destina-se
precisamente àqueles que não percebem o que se está a dizer.
Mas o que é a salvação ?
Porque precisamos de ser salvos ?
Como seremos salvos ?
Qual o nosso papel na salvação ?
Em primeiro lugar precisamos
de compreender que não vivemos apenas por viver.
A vida como a conhecemos não é
fruto do acaso, nem tão pouco depende de alguma circunstância ou de algum
fenómeno geológico ou de algum fenómeno cosmológico ou de qualquer outro
fenómeno fortuito.
A vida tem um propósito.
A vida é a exaltação da beleza
do universo.
Não existimos apenas para
decoração, vivemos para integrarmos e
usufruirmos da grandeza do universo.
Integramos o cosmo e somos a
sua própria consciência. Fazemos parte de, temos de viver com, mas não estamos
no mesmo patamar que a natureza nem dos animais.
Temos alma, espírito e corpo.
Temos consciência da nossa
existência e das consequências dos nossos actos.
Temos consciência e
conhecimento da infinitude, mas parece que vivemos limitados.
Temos consciência e
conhecimento do absoluto, mas parece que vivemos no relativo e com restrições.
Temos consciência e
conhecimento do eterno, mas parece vivemos com princípio e fim, porque o
conhecimento é apenas parcial.
A consciência e o conhecimento
embora limitados levam a interrogar sobre a nossa própria existência e a sua
razão de ser.
Desde sempre, o ser humano se
interrogou sobre as suas origens. É algo intrínseco e que faz mover a
humanidade.
O conceito de origem cristã é
baseado essencialmente na harmonia e estabilidade e é nesse ambiente que
deveríamos estar a viver. Mas o poder da dúvida levou para outro caminho.
Nesse ambiente de paz, o ser
humano manteria uma relação de concórdia tripartida com Deus, com a natureza e
com os outros. Esse lugar já existiu e a Bíblia designou-o por Éden ou também
como é conhecido por Paraíso.
Mas sendo o livre arbítrio uma
das características de Deus, foi dado aos humanos o direito de escolha.
Os humanos das origens e por
influência de terceiro, optaram por quebrar o relacionamento com Deus e assim
desestabilizaram também toda a harmonia circundante.
Aqui entra um conceito
importante, que é o da morte. Biblicamente
morte não significa desaparecimento, significa simplesmente separação ou
mudança. Quando Deus disse a Adão e Eva que morreriam se comessem do fruto
da árvore do meio do jardim, o que aconteceu foi que não morreram, simplesmente
foram separados de Deus. Apesar de enganados não eram inocentes, foi de livre
vontade que simplesmente resolveram satisfazer os seus desejos.
Ao quererem ser independentes
de Deus, os humanos entregaram a autoridade espiritual àquele que o enganou. O
enganador passou a liderar o enganado.
Ao ficar isolado de Deus o
Homem ficou sujeito a uma natureza desordenada e descontrolada e perdeu também
o equilíbrio interior.
Desde essa altura o ser humano
tem procurado reencontrar-se e reencontrar o seu lugar no universo. O Homem
quis ser independente de Deus, mas acabou por pagar uma factura elevada e ficou
sujeito aos caprichos da natureza. O relacionamento com Deus foi quebrado e o
relacionamento entre os humanos tornou-se problemático.
Fomos criados para viver na
plenitude do universo. Fomos equipados com inteligência, com criatividade, com
sentimentos e também para sermos dominadores e fomos integrados num ambiente
amigável, suave, ameno e favorável.
Com todas estas
características foi-nos também dado a escolher em quem queríamos acreditar e a
quem nos queríamos submeter espiritualmente.
Com capacidades inatas de
superioridade sobre o que rodeava, que produzem algum poder, o ser humano
psicologicamente ficou fraco pois ficou com a tendência para a arrogância,
sobranceria e presunção.
Ainda hoje os humanos têm
essas capacidades inatas e mantêm também as mesmas tendências negativas
provenientes da capacidade de dominar.
A grande luta da humanidade tem sido para tentar descobrir a maneira de
viver sem depender de ninguém. Essa tem sido a busca da pedra filosofal ou
do graal e é o sonho de todos e vai variando consoante a época. O empregado que
sonha ser patrão, o jogar na lotaria, o jovem que quer sair da casa dos pais,
os países que não querem depender de outros, as tentativas de controlar o
tempo, a agricultura em ambiente controlado, etc. O sonho da riqueza é como o
karma de não se precisar de depender de ninguém, pelo menos assim pensa quem
tem o desejo de ser rico.
Com toda a intelectualidade,
com todo o conhecimento que se foi descobrindo, com toda a técnica
desenvolvida, mesmo assim em vez de se tentar usufruir do muito que se tem,
luta-se constantemente para se ultrapassar uma insatisfação que parece não ter
acalmia.
A busca da estabilidade e da
independência tem sido fomentada por entidades que são peritas em dissimulação.
Enganam hoje, como enganaram no início. Enganam tudo e todos, com promessas de
conhecimento libertador. Mas, com milhares de anos de registos, a situação da
humanidade de hoje é bem mais perigosa que no passado antigo e estamos próximos do ponto de rutura do equilibrio de sustentação da natureza.
Os humanos, com toda a
parafernália de utensílios que possuem e utilizam, com a transformação do
planeta numa aldeia global e ultrapassando em número tudo que se possa
imaginar, está mais frágil hoje do que nos tempos em que nada tinha.
A busca da libertação nada
acrescentou à miserável situação em que ficou depois da opção de ficar afastado
de Deus.
Ao aceitarem as falsas
promessas de Satanás, Adão e Eva foram obrigados a irem viver de acordo com a
sua opção. Ao saírem por livre opção do Éden, nunca mais encontraram o
equilíbrio interno nem nunca mais encontraram um lugar equilibrado para
viverem.
Salvação não é mais que a proposta de regresso ao equilíbrio que se
tinha no Éden e a consequente reintegração num ambiente espiritual equivalente
e com a visão de que no futuro o ambiente será livre das hostes espirituais da
maldade e também no futuro seremos integrados num ambiente sem degradação
física e também sem a presença física dos apoiantes das forças da maldade.
Será um sítio de respeito, num ambiente cordial, agradável e ameno. Será um
local prazeroso e em contacto direto com o criador. A vida será simples e de
uma alegria sem fim.
A grande diferença entre o
primeiro Éden e a Nova Jerusalém e que no Éden a presença tinha sido imposta,
embora com possibilidade de saída, na Nova Jerusalém todos os que lá viverem
foi porque livremente optaram em querer ir para lá.
Se a salvação é o regresso ao convívio de Deus, como se pode adquirir
ou realizar tal tarefa?
O plano da salvação já foi traçado desde o início
dos tempos e não se pode adquirir ou fazer qualquer coisa importante para a
ter.
A salvação é um plano de
adesão, aceita-se ou não.
A salvação é de adesão
gratuita e basta dizer, sim eu quero.
Evidentemente como qualquer
outra coisa, para se aderir é preciso saber que ela existe, seguidamente é
necessário conhecer a sua utilidade por fim reconhecer a necessidade.
A criação não é fruto de um
acaso, nem tão pouco uns evoluem para algum estágio superior enquanto outros
não souberam aproveitar as circunstâncias e tornaram-se seres inferiores. Os
seres humanos já estiveram num lugar quase perfeito e tinham uma vida perfeita.
Optaram por perder esses créditos, mas o retorno a esse lugar, num futuro
totalmente perfeito e a uma vida exaltante está a um click do querer.
Com a desobediência de Adão e
Eva e a sua atitude de não reconhecimento do erro, certamente teve e tem de
haver um preço a pagar para o retorno ao convívio direto com Deus. O requisito
primordial da salvação é o reconhecimento da situação de afastamento e desobediência, todos os outros requisitos já foram cumpridos por Jesus Cristo.
A primeira vinda de Jesus
Cristo foi o passo para a abertura da porta para que todos possam retornar ao convívio de Deus. Sendo inocente,
Jesus Cristo assumiu e pagou por todos nós a dívida da desobediência e da falta
de confiança e pagou segundo as regras da altura. O inocente pagou com a sua
própria vida para que nós pudéssemos retornar ao paraíso. O prémio foi a sua
ressurreição e com ela a morte foi vencida, como morte é separação significa
que Jesus Cristo é o caminho para a reconciliação.
Continuas afastado de Deus,
sim estás a errar o alvo da tua vida e tens conhecimento dessa realidade.
Para retornares ao convívio de
Deus, basta dizeres, sim eu quero. Sim eu aceito a obra salvitica de Jesus. Sim
eu não quero estar mais afastado de Deus e aceito o caminho
Sim, eu quero fazer as pazes
para viver em paz com Deus.
Sim, eu quero usufruir de tudo
o que Deus tem para mim no presente e na eternidade.
Sim, eu quero e posso alterar.
Sim eu quero voltar ao convívio direto com Deus.
Sim eu quero voltar ao convívio direto com Deus.
Somos livres para fazer
escolhas e também somos livres para nos libertar das consequências das más
escolhas.
Sem comentários:
Enviar um comentário