JUÍZO FINAL OU TALVEZ NÃO

Juízo final ou dia do juízo ou fim do mundo são ideias que fazem parte de todas as culturas e
sub-culturas.
As culturas de cariz espiritual/religiosa têm os seus dogmas e muitos acreditam que o dia final virá. Mesmo as culturas que se dizem não religiosas vivem na permanente suspeição de que um dia ao planeta Terra poderá acontecer algum fenómeno catastrófico que o irá destruir ou destruir a vida.
De comum, têm a noção que a fragilidade do planeta pode conduzir a algo que poderá ter consequências para os habitantes. O que difere nas diversas culturas são as origens e os objetivos. Uns vivem apavorados com a ideia de um meteorito atingir o planeta, outros temem algum super vulcão. Houve quem já temesse uma guerra nuclear, outros temem um deus vingador que castigará os maus e recompensará os bons, etc.
Como cristão, sei que chegará o dia em todos iremos ser confrontados com as decisões que se tomaram ao longo da vida. Esse dia, não será apenas para os habitantes da altura mas para todos os humanos que passaram pelo planeta. Será o dia da prestação contas.
Não designei a situação por julgamento ou juízo, o termo utilizado foi de prestação de contas.
Todos nós estamos habitados a preencher questionários e pelas nossas respostas é atribuído o bem, ou o lugar, ou o serviço, ou o emprego ou qualquer outra coisa que estamos a tentar obter.
A nossa vida é uma constante tomada de decisões e o conjunto dessas decisões serão as respostas ao questionário das opções de vida.     

Em textos anteriores tenho explicado a questão da liberdade e livre escolha. A questão do juízo final não é mais nem menos do que ser colocado de acordo com as escolhas livres que foram sendo efetuadas ao longo da vida.

Os tempos conforme conhecemos tiveram um princípio e hão-de ter um fim. Quando será o fim não sabemos, temos pistas mas não o mapa. Para todos os que já cá não estão, a possibilidade de alterar a escolha já passou e no último dia dos atuais tempos seremos todos confrontados com as nossas escolhas.
Mas o que realmente irá acontecer?
Nesse dia serão todos separados em dois grupos. O grupo que escolheu viver sem Deus e o grupo que escolheu viver com Deus. Depois dentro do grupo que escolheu viver com Deus serão expulsos os falsos, ou seja, o joio e serão transferidos para o outro grupo.
Por sua vez, dentro de ambos os grupos haverá a atribuição conforme a obra de cada um.
Mas qual a diferença entre um lado e o outro?
Simples, os humanos são uma alma que tem um corpo e um espírito. Aquando da nossa morte o corpo ao pó regressa e o espírito irá para o criador, ficando apenas a alma.
Os que escolheram o caminho de ficarem com Deus ficarão na presença direta de Deus e terão um novo corpo, totalmente incorruptível.
Do lado dos que escolheram viver sem Deus ficarão só com a alma e irão passar toda a eternidade junto aos anjos que decidiram juntar-se a lúcifer na rebeldia contra Deus. Neste grupo terão em comum o não ter um corpo físico.
A alma tem vida própria, mas só é expressa através de um corpo.
Sem corpo, os que optaram viver na resistência à natureza e em oposição ao seu criador, viverão toda a eternidade sem a capacidade de satisfação de todas as necessidades emocionais, intelectuais e físicas.  É o lugar onde há expressão, mas não há satisfação.
Independentemente da questão religiosa ou outra, todos sabemos que um dia o corpo irá ser reduzido a pó. Este é o mistério que tem atormentado a existência humana deste sempre.
O corpo não se representa apenas a si mesmo é também a imagem de tudo o que é perecível, desde o material ao social. O corpo representa precisamente aquilo que qualquer um sabe que não é importante, mas que muitos de livre vontade escolhem ser o centro da vida, mesmo sabendo de antemão que nenhuma gratificação duradoura trará.

Viver para o corpo significa viver para o imediato.
É viver o agora sem pensar nas consequências no futuro.
É viver para a destruição do meio ambiente única e exclusivamente por causa do ter.
É viver para a individualidade, para a arrogância, para o desprezar os outros.
É criar regras que não se tenciona cumprir, é viver na hipocrisia, é condicionar a liberdade dos outros com manipulações religiosas, políticas, filosóficas, sociais e até cientificas.

Viver para o corpo é desejar vingança em vez de justiça.
Viver para o corpo é viver num desenfreado constante à procura de auto satisfação física.
Viver para ao corpo é querer ser independente de tudo, esquecendo que no planeta Terra tudo está interligado desde o formato do planeta, a sua posição no universo, os habitantes, o clima, a atmosfera. Tudo o que está no planeta tem uma interligação em que tudo está dependente de tudo, em que cada um tem uma importância especifica e que nada pode ser desprezado ou descuidado.
Viver para o corpo é viver sem denunciar o mal, é viver sem denunciar a exploração do ser humano, é viver sem denunciar os atentados à dignidade, venham eles de onde vierem.
Viver para o corpo é viver sem denunciar a opressão aos pobres e aos miseráveis, é viver sem denunciar a opressão política.
Viver para o corpo é levar o mundo à destruição da esperança.           

Foi dada inteligência, liberdade e livre escolha. A decisão é pessoal e na hora da análise estar-se-á solitário e não se poderá atirar as culpas para outros. Atirar as culpas para outros é negar a inteligência, é não saber usufruir da liberdade, é negar a livre escolha.

O corpo sem alma, não passa de um invólucro sem vida, mas a alma sem corpo é vida sem expressão. Por isso é que a Bíblia diz que aqueles que escolheram viver sem Deus serão reencaminhados para o lugar da sua escolha e que nesse sitio haverá choro constante. É o lugar onde há expressão, mas não há satisfação e sem satisfação não há alegria nem conforto.

Jesus prometeu que viria buscar todos aqueles que escolheram viver com Deus e que dará a cada um, um corpo novo e incorruptível, e que serão levados para viverem na providência constante de Deus.
Ir para este lugar não significa que se tenha de ser bom, fazer tudo correto ou fazer-se qualquer coisa para se obter o passaporte, basta única e exclusivamente, reconhecer o caminho preparado por Deus e que é Jesus Cristo.
Jesus Cristo não trouxe apenas uma mensagem simpática e uma filosofia de vida.
Jesus Cristo renovou o compromisso que Deus tem com a sua criação e mostrou mais uma vez o desejo de que todos se juntem a Ele.
Jesus Cristo renovou também a liberdade da livre escolha.
Jesus Cristo renovou a visão de que o lugar do ser humano é junto a Deus.
Jesus Cristo abriu o caminho para todos, mas só irão por Ele os que escolherem.  
Jesus Cristo mostrou o lugar e a importância que cada um tem no universo e na criação.
Jesus Cristo renovou a igualdade entre os humanos, mas recusou a unicidade.
Jesus Cristo trouxe a conciliação não apenas entre Deus e os humanos, mas também entre os humanos e a natureza.
Jesus Cristo abriu o caminho para a liberdade definitiva a um planeta aonde a opressão e a depressão são a norma.
A opção por uma eternidade de insatisfação, atormentado pela incapacidade de expressão física é a negação de toda a obra e fruto de Jesus Cristo. 
O Juízo Final já foi no passado, quando Jesus Cristo foi pendurado na cruz para pagar por todos nós.
A liberdade final foi quando Jesus Cristo ressuscitou e venceu a separação entre Deus e a humanidade.

O destino não está traçado previamente, pois seria um insulto à inteligência e à livre escolha.
O destino não está na sorte, nas estrelas, nas pedras, nas cartas, nas mãos, na estultícia de alguém ou em algum calendário.
O destino está nas escolhas e nenhuma decisão é inconsequente.

O momento do juízo final não será no futuro. O momento da escolha para a eternidade é o presente, é hoje que se decide qual o caminho e a vida que se quer.
   
Juízo Final? Não, apenas reencaminhar para as escolhas feitas.
Alexandre Reis
Para algum esclarecimento contactar através do mail: blog.terradosreis@gmail.com

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