Quando
Deus nos criou, planeou estágios de desenvolvimento.
De
duas células a sénior vai muito tempo e muitas mudanças. Cada fase
da vida tem a sua especificidade e cada período características
próprias nos planos físico, mental e até espiritual.
Fomos
criados assim e desde que há registos não existem alterações.
Se
nos adultos na questão do livre arbítrio pode-se dissertar sobre a
genuinidade ou a influência externa das decisões, nas crianças é
muito mais complicado. O seu estágio de desenvolvimento ainda não
está completo. Em algumas áreas podem parecer mais avançadas, no
entanto no global ainda continuam em crescimento.
A
criança necessita de proteção e por vezes a sua obediência é
cega, só para agradar a quem a educa. As crianças não estão
preparadas para a rejeição e fazem tudo para se enquadrar em algum
grupo. Se com os adultos também é assim, com crianças é bem mais
explícito.
Já
em texto anterior, que intitulei de ESPERANÇA, foquei-me
exclusivamente sobre o assunto da maniatação de crianças. Volto ao
assunto pois é grave a situação das crianças dentro das
comunidades que se dizem cristãs.
As
comunidades cristãs ao fazerem a harmonização dos conceitos
cristãos de vida com a oferta mundana, transformaram as crianças em
um peso que se tem de aturar para não se ficar mal socialmente e
perderam toda a sabedoria para lidar com o assunto. Ao introduzir os
princípios do príncipe deste mundo nas igrejas, as crianças
passaram a ser um manancial à disposição da maldade humana, mas
com uma roupagem religiosa e aparentemente piedosa. As crianças são
vítimas do despotismo dos adultos obrigando-as a serem aquilo que
elas não são. Além dos abusos físicos são essencialmente
perseguidas com a obrigação de se comportarem como adultos e de se
integrarem num mundo de conceitos e regras estritamente religiosas e
opressoras.
A
criação de regras produz juízo e é coisa que Jesus nos preveniu.
Se fizermos juízos, com as mesmas medidas seremos julgados.
Durante
o crescimento algumas crianças são precoces em algumas áreas. Já
vi crianças de 12 anos com a altura definitiva, já vi crianças de
3 anos perfeitamente desenvolvidas na fala. Não são aberrações
nem super dotadas, são casos normais em que parte do seu
desenvolvimento avança primeiro que outras. Se um rapaz adolescente
tiver barba, não que dizer que já é um adulto, também não quer
dizer que uma criança que tenha um crescimento psicológico
prematuro seja um adulto. Só porque em algumas raparigas por volta
dos 10 anos, o seu corpo já está pronto para a maternidade, não
significa que o devam ser, nem que se casem por isso. Repito, embora
em algumas áreas, algumas crianças possam parecer mais avançadas,
no entanto no global ainda continuam em crescimento. Não se deve
tomar a parte pelo todo.
As
crianças por uma questão de segurança tomam decisões que no
mínimo podem ser consideradas polémicas, mas o mundo e a realidade
delas é diferente dos adultos. A maneira como Deus encara esta
fragilidade é diferente, pois Deus sabe perfeitamente como nos criou
e as limitações de cada fase. O medo e a insegurança fazem parte
do universo infanto-juvenil, fazem parte do crescimento planeado por
Deus.
A
criança precisa de amor, compreensão, proteção e também de
correção e orientação, mas em amor e de acordo com a idade. A
criança precisa de educação e não de agressão.
Poucas
crianças conseguem libertar-se do jugo opressor das regras
religiosas e das manias dos adultos, essas crianças muitas vezes são
consideradas problemáticas no contexto religioso.
Nas
igrejas que batizam crianças é triste ver as outras, que não são
batizadas, serem tratadas como cães. Ficam separadas do resto do
corpo, enquanto os espirituais celebram a sua pureza religiosa e os
indignos são separados. A Bíblia compara a igreja a um
corpo.Imaginem-se a ir para algum lado e deixarem alguma parte do
vosso corpo em casa. Mas a igreja como corpo, mutila as crianças
membros para poder ser perfeita. A igreja não é perfeita, pois
nenhum dos seus membros é perfeito, e só somos salvos pela fé,
pela graça de Deus e pela misericórdia de Deus que se renova todos
os dias.
A
criança é um ser indefeso, precisa de quem cuide dela e os adultos
religiosos criam regras para as subjugar dizendo que é educação e
vontade divina.
As
igrejas estão cheias de regras e uma das regras em muitas igrejas é
que quem não é batizado não participa na celebração da morte e
ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo ou Ceia do Senhor.
A
celebração da ceia é um mandamento, as normas para a sua
participação são regras dos Homens.
A
dogmatização das regras dos Homens tem como o objetivo manipular e
controlar, não só os adultos mas principalmente as crianças que
são as mais frágeis.
Criança
não é um adulto em ponto pequeno, criança é criança.
Exigir
de uma criança tomada de decisões tal como a um adulto e ser
julgada como tal é uma atitude de negação de que Deus é um
criador perfeito, é querer retirar à criação as limitações de
desenvolvimento programadas por Deus.
A
questão das crianças e como são tratadas é uma questão
importante para Deus, não apenas dentro das igrejas mas em toda a
sociedade. A maneira como as crianças por vezes são tratadas nas
igrejas é tão como grave como a atual sociedade da felicidade e
prazer as tratam.
A
sociedade atual e até algumas religiões encaram as crianças e os
adolescentes como parte de um plano hedonista.
Dissimuladamente
a sociedade está a usar a criança e os adolescentes como usuários
de uma sociedade de consumo por um lado, por outro lado tirando-lhes
o direito de ser crianças e adolescentes. São vítimas de
predadores que as usam como força de trabalho e até são encaradas
como podendo ser usadas como brinquedos sexuais. A sociedade está a
permitir que a pedofilia se torne numa facetas de um hedonismo
mórbido. Os pedófilos utilizam as mais diversas técnicas e
encontram-se em todos os extratos sociais e têm um apetite voraz
pelas áreas onde podem livremente ter contactos com crianças e
adolescentes, sendo a área do ensino uma das preferenciais e as
redes sociais outro manancial de aliciamento.
As
forças que influenciam a sociedade manipulam e tentam controlá-la
para as seus interesses, mas a causa das crianças está entregue a
ninguém e os responsáveis pela justiça fecham os olhos.
Este
mundo afastado de Deus, entregue a si mesmo e controlado pelas forças
da ingratidão não protege os mais fracos e ainda se servem deles
para a sua maldade.
As
crianças são maltratadas pela sociedade e como os que se dizem
cristãos estão a integrar na sua religião as filosofias mundanas
para deturpar o que está escrito para que nas mais diversas áreas
não cumprirem a ordenança divina de proteção aos mais débeis e
aos desprotegidos.
As
regras religiosas dogmáticas pressionam o livre arbítrio nos
adultos, mas trucidam as crianças.
Os
fazedores de opinião da atualidade estão empenhados numa sociedade
sexualizada e as crianças fazem parte do seu prazer.
As
crianças e os adolescentes estão num estágio de vida física e
psicológica sem maturidade e a sociedade e inclusivamente as
religiões devem respeitar a sua puerilidade e esperar pelo seu
desenvolvimento.
As
crianças são crianças, não são adultos em ponto pequeno.
Mesmo
sendo crianças elas não são o futuro da igreja, são o presente e
têm os mesmos direitos de qualquer outro membro. Os membros não
são todos iguais e a igreja tem de se adaptar a variedade e as
crianças são parte dessa variedade.
As
crianças devem ser respeitadas e honradas, não endeusadas.
As
crianças são membros de pleno direito da família de Deus.
A
verdadeira religião é proteger os mais fracos e guardar-se da
corrupção do mundo (Tg 1:27) e estes deviam ser pilares dos que se
dizem cristãos.
Se
és ou foste vítima de abusos deixa dizer que Deus está atento à
tua situação e que os abusadores não ficarão impunes, mas a
justiça é Dele e no seu tempo.
Lembra-te
que Jesus Cristo, o Justo, foi crucificado sem culpa e carregou sobre
si toda a maldade.
O
seu Espírito, o Consolador está neste mundo também com a missão
de trazer paz e justiça aos fracos que foram maltratados.
Nota:
A
igreja local deve reconhecer quem são os seus membros, sejam
crianças ou adultos e funcionar como um corpo, pois além de ser o
corpo de Cristo, também são a Sua família. A igreja local não
deve forçar as crianças que são membros a tomar decisões de
adultos, mas sendo parte do corpo devem ser integradas nas
celebrações do corpo, até terem idade suficiente, para que as suas
decisões sejam consideradas como pessoais e os seus desejos sejam
considerados maduros e conscientes. Não estou a dizer que sejam
perfeitas e que seja garantia de no futuro serem cristãos perfeitos.
Algumas
celebrações são transformadas em festas e são universais outras
devem ser celebradas em família com todos os seus membros, embora
possa haver visitas, algumas fazendo parte de outros ramos da família
e outras não. Para os que não fazem parte da família deve-se ter
muita prudência para não se sentirem rejeitados em não
participarem.
Alexandre Reis
Para algum esclarecimento contactar através do mail: blog.terradosreis@gmail.com
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