A CONCEPTUALIZAÇÃO DE DEUS

 A realidade tal como a julgamos conhecer é expressa de diferentes formas e não é uma unidade a sua definição. Até se pode chegar ao extremo de se dizer que a realidade não existe e só está na cabeça de cada um. A conceptualização do que achamos que conhecemos foi a forma escolhida para se poder exprimir a realidade ou o que pensamos ser.

Vida, morte, existência, felicidade, realidade, ciência, religião são premissas cujas definições são postulados expressos conceptualmente.

A vida em si mesma é um conceito.

A vida é sustentável porque aquilo que consideramos que é a realidade é conceptual.

A morte em si mesma é um conceito.

A morte do ponto de vista dos sentidos, da filosofia, da religião e da ciência só é explicada conceptualmente.

A razão da existência é um desconhecimento que para acalmar a necessidade que os humanos têm de se conhecer também teve de se teorizar.

A noção de tempo em si mesmo é também um conceito.

A noção de felicidade e o que é ser feliz são conceitos.

Existimos e a existência é um conceito.

Somos humanos e o que é ser humano é um conceito.

A noção do que é ser belo e a beleza em si são conceitos.

O universo em si mesmo também é um conceito.

É impossível ter uma visão do universo apenas com o conhecimento. Os sentidos presentem a finitude deste planeta e ficam assoberbados com a visão imensa do exterior do planeta.

Com a muita tecnologia que existe e com o conhecimento adquirido, o universo e suas leis ainda são redigidos na conceptualização e com tentativas de explicação através de teorias.

A questão da criação é também solucionada através de conceitos, seja na forma de supervisores ou de teorias.

A vida e o universo têm mais perguntas que respostas.

Somos apenas um corpo com uma existência efémera ou o corpo é que é de curta duração e somos algo mais.

Embora a grandeza de Deus e do universo se possam confundir, não são a mesma coisa.

Deus não é um conceito mas apresenta-se com tal.

Nós humanos somos uma realidade assim como Deus é uma realidade.

Deus apresentou-se a Moisés como um conceito, apresentou-se como o “Eu Sou”.

Deus quis a humanidade tivesse Dele apenas vislumbres, por isso embora não sendo apresentou-se como um conceito.

Deus não quis no passado nem no presente que tivéssemos Dele uma visão limitada, mas é impossível ter uma visão completa de Deus apenas pelos sentidos ou pela razão.

Através da Bíblia, Deus mostra-se na sua plenitude, mas a compreensão está para além da razão.

A Bíblia é um livro de princípios e não de regras e muitos dos princípios estão expostos em forma conceptual.

Em textos anteriores já referi a incongruência de muitos que se dizem cristãos. A sua vida não é compatível com os valores que dizem que são os seus. O enraizamento nas suas vidas da finitude

hedonista leva a tornar a fé cristã na sua vida apenas como mais um fator de desestabilização psicológico e até de descredibilização da verdade do cristianismo em si.

A simplicidade da vida nada tem a ver com a multiplicidade de fatores que lhe acrescentam.

Conceitos tais como a felicidade, a motivação, a importância individual, o fazer a diferença, as crenças, a valorização social, são valores conceptuais que servem unicamente para dissimular a verdade da existência e impor manipulações sobre pessoas e sociedades. Tudo isto pode ser em contexto de sociedade generalizado, ou contexto religioso, ou contexto cultural, desportivo, literário ou outros.

A Bíblia não é um livro de história ou de estórias, embora contenha ambas não devem fazer parte do roteiro cultural. Também não é um livro de regras, embora contenha algumas de devem ser devidamente contextualizadas e interpretadas no seu princípio intrínseco e só depois avaliadas a sua aplicação em cada contexto temporal e social.

A Bíblia é na realidade um conjunto de textos escritos pelos mais diversos tipos de pessoas, em diversas épocas e contextos sociais, que no seu conjunto é nem mais nem menos a revelação de Deus ao Mundo. Tudo o que precisamos de conhecer de Deus está revelado em cada linha, em cada palavra, por isso a conceptualização da informação foi a forma escolhida para que algo tão pequeno possa conter a incomensurável realidade de Deus.

Se ninguém consegue definir o que é Vida ou a Existência, muito menos se consegue discernir Vida Eterna, pois nem conceptualmente se consegue vislumbrar qualquer comparação com a realidade em que vivemos.

A conceptualidade com que Deus se apresenta tolda a mente dos incrédulos e baralha a dos religiosos.

A complexidade da Trindade, um Deus único que se manifesta em três formas diferentes é mais uma forma que só se consegue exprimir através de uma visão conceptual.

A complexidade conceptual com que Deus se apresenta, por vezes é tão abstrata que Jesus nos seus ensinamentos utilizava parábolas e estórias com aplicação prática para ser mais fácil entender.

A escrita foi uma das formas como Deus optou para se apresentar. Mesmo assim quem opta por viver apenas com o que vê, além de ter uma existência pobre em qualidade global não consegue encontrar Deus na forma escrita através da Bíblia mesmo que procure.

A Bíblia não tem segredos, não tem códigos escondidos nem mensagens subliminares. A exegese da Bíblia não é muito diferente da dos outros textos, é preciso ter em conta quem escreveu o quê, a realidade social da altura, entre muitos outros fatores, no entanto o primeiro de todos é que muitas vezes as traduções não ajudam às interpretações.

Mas a Bíblia será sempre a revelação de Deus para todos aqueles que o querem buscar com uma atitude libertadora e altruísta.

Não se consegue definir Deus porque a incomensurável existência de Deus é impossível ser contida em linguagem da finitude da mente humana.

A fé é a única maneira de se alcançar a Deus e é o caminho da libertação pessoal, do finito, do mundano e do enraizamento para o crescimento do ser altruísta que é a razão da nossa existência.

Sendo Jesus Cristo o Caminho, a Verdade e a Vida, toda esta realidade concentrada numa só pessoa só pode vivida se compreendermos os conceitos incluídos e os aplicarmos à vida.

A conceptualização dos fundamentos da vida foi o meio que Deus escolheu para que a fé fosse um ato libertador, mas terá de ser consciente e pessoal.

A fé não pode ser imposta, senão não cumpriria o ato supremo da livre escolha.


Alexandre Reis

Para algum esclarecimento contactar através do mail: blog.terradosreis@gmail.com

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