A
correlação entre Deus e aquilo que se designa por cristianismo é por vezes uma
tarefa de grande dificuldade. Ser cristão é muito mais que simples declarações
de intenções, implica uma vivência e um conhecimento de Deus, que tem de
ultrapassar a simples religiosidade da ignorância.
O
ser humano foi criado a imagem e semelhança de Deus, no entanto por norma cria
deuses à imagem da sua imaginação, para colmatar o desconhecimento de Deus. O
desconhecimento é tal, que até os que se dizem cristãos, chegam a criar uma
imagem que dizem que é do deus verdadeiro, mas que não passa daquilo acham que
Deus é. Na presente análise não confundir o termo imagem, com desenho,
fotografia, pintura ou qualquer coisa representável.
A
imagem do ser humano é a sua própria identidade. É aquilo que é ou que acha que
é. Se o ser humano tem um fraco conhecimento da sua identidade, então também
terá uma fraca imagem de Deus.
Devido
ao fraco conhecimento que o ser humano tem de Deus é que aceita qualquer
patranha que lhe apresentam, chegando a criar conflitos pessoais e até baixar a
auto estima, por não conseguir compreender entre o que está escrito na Bíblia e
aquilo que julga que é a verdade.
Não
podemos circunscrever a Deus, mas podemos conhecer algumas das suas
características. Proponho um acrónimo simples mas de grande utilidade, que pode
ajudar em período de dúvida.
LER
são as primeiras letras de três conceitos acerca de Deus, que só nos trará
vantagens se os soubermos identificar. L de liberdade, E de equidade e R de
reconhecimento. Certamente estes três conceitos serão apenas uma gota num vasto
conhecimento que é Deus.
LIBERDADE ou livre escolha é um dos apanágios de Deus. Deus não se
impõe, nem obriga ninguém a estar na sua presença sem ser de livre vontade. É
importante saber que a sociedade que temos foi uma escolha e como tal tem que
se sujeitar àqueles, que de livre vontade os humanos entregaram a autoridade.
Enquanto esta situação se mantiver, Deus não quer interferir em muitos assuntos
para não entrar em choque com as escolhas.
Deus
vê, Deus sofre mas nada faz porque deu a liberdade de escolha, e cada um terá
de assumir as suas responsabilidades e também as dores.
A
utilização do livre arbítrio levar-nos-á a viver a eternidade no lugar que
escolhermos.
EQUIDADE - Significa imparcialidade, justiça e igualdade. Uma
simples palavra que abrange um universo de paz.
A
imparcialidade de Deus, baralha os crentes, pois a justiça terá de ser
imparcial. Deus não toma partido do erro, mesmo que custe a quem tem fé.
Embora
justiça seja uma palavra muito usada ninguém sabe ao certo definir o que é
justiça. Varia consoante as culturas e até com o estado de espírito. Justiça é
muitas vezes confundida com vingança. Vulgarmente justiça é sinónimo de
resolver conflitos e/ou problemas.
A
justiça é uma das características importantes de Deus, pois não engana mas
também não pode ser enganado. Justiça é tratar todos com os meus direitos mas
também com os mesmos deveres.
Diante
de Deus somos todos iguais, mas todos diferentes. A variedade é uma
característica da criação. Deus não criou clones, criou pessoas, cada uma com
as suas características.
Para
Deus não há pessoas importantes. Para Deus cada um de nós é importante, pois
representa vida e Deus quer que tenhamos vida e vida com abundância. Diante de
Deus não há sexo, raça, posição social, estatuto financeiro, idade, cultura,
inteligência ou qualquer outro atributo que os humanos achem diferenciador.
Diante de Deus não há fracos ou fortes, importantes ou insignificantes. Todos
somos criação e Deus o criador olha e cuida dos seus de forma igualitária,
cumprindo apenas para si o principio da liberdade de escolha.
RECONHECIMENTO é a atitude de admitir e posteriormente confessar que se
estava afastado de Deus e aceitar a Jesus Cristo como a ponte que une novamente
o criador à criação e que devolve à criação a glória perdida pelo pecado.
Pecado é uma palavra forte, mas significa aquilo que leva a errar o alvo. O
alvo é estar com Deus e usufruir de todos os benefícios. É certo que através de
Jesus Cristo nos é aberto o caminho do céu, mas continuamos a viver na terra,
rodeados do pecado o que dificulta o entendimento e a vida plena como cristãos.
A
possibilidade de escolher foi adquirida logo no ato primeiro da criação. Mas a
liberdade também é sinónimo de responsabilidade. As opções definem o que se
quer para a vida. O não fazer nada só por si é uma decisão, é decidir entregar
as nossas decisões a outros e termos de viver segundo os padrões daqueles a
quem se entregou o que por direito é de cada um, o poder da escolha.
A vida não pode ser encarada como a soma das
partes. A vida é a harmonia onde cada qual é importante e cada um é um entre
iguais.
Esta foi a
forma como fomos criados. O pecado ou seja, o afastamento de Deus levou os
humanos a graduarem e rotularem as pessoas de maneira a valorizarem mais uns
que outros. A equidade deixou de ser um dom e passou a ser um mito.
A
diferenciação entre pessoas está de tal maneira enraizada nas mentes que até
aqueles que se dizem igreja fazem distinção entre as diversas formas de servir,
achando-se alguns mais importantes
que outros.
Com
esta cosmovisão, os que se dizem igreja não fazem esforço para conseguir
integrar todos os membros, sendo assim incompletas nos dons. As igrejas são
coxas, muitas inúteis e consumidoras de recursos humanos e financeiros sem
resultados práticos, pois valorizam mais uns ministérios/trabalhos que outros, criando assim a sensação de que há pessoas que são mais importantes e que há ministérios de primeira e de segunda.
Não
sendo completas entram no esquema dos programas de entretenimento
evangélico-cristão e viciam os membros nessas atividades para poder exaltar os
que as entretêm perdendo a capacidade de fazer discípulos, mas ganhando
membros.
Entreter
os membros para quando tiverem saciados pagarem as despesas, não é o objetivo
da igreja
O
principal objetivo da igreja é levar as pessoas a conhecerem a Jesus Cristo. O
segundo objetivo das igrejas é de preparar as pessoas a levarem às outras o
conhecimento de Jesus Cristo, multiplicando-se assim em discípulos verdadeiros
e conscientes.
Faz
parte do plano de Deus que cada um seja livre, como faz parte que cada um é
importante para o todo.
Este
afastamento do plano de Deus provoca um desequilíbrio social com consequências
no equilíbrio psicológico.
A
aproximação a Deus e aos seus princípios só é possível através do
reconhecimento das fraquezas pessoais e
reconhecendo que os ensinamentos de Jesus e a sua obra salvitica na cruz são a
ponte para Deus e o único caminho para a liberdade e equidade.
Esta
será a grande escolha da tua vida. Definirá aonde viverás a tua eternidade e
quem és na realidade e mostrará a tua identidade.
Se
falhares o único caminho para Deus, que é Jesus Cristo viverás sempre com um
vazio existencial, pois não atingirás o objectivo da tua existência.
Se
dizeres que és cristão, mas não fores livre o suficiente para compreenderes a
liberdade que obtiveste ao aceitares a Jesus Cristo certamente não serás capaz
de a viver e de dares aos outros a livre escolha.
Se
não estiveres firme da equidade de Deus, certamente viverás oprimido dentro de
ti mesmo, pois não conseguirás compreender que vives num mundo corrupto e
injusto, mesmo entre aqueles que se dizem igreja.
Se
não fores ensinado a conhecer a Deus com pragmatismo certamente não serás capaz
de mostrar aos outros a utilidade que Jesus Cristo teve na tua vida.
Se
não souberes viveres com a LIBERDADE que Deus te dá, se não compreenderes a
EQUIDADE de Deus, se não deres provas de RECONHECIMENTO provavelmente viverás
em dificuldades existenciais.
Alexandre Reis
Para algum esclarecimento contactar através do e-mail: blog.terradosreis@gmail.com
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